terça-feira, 7 de abril de 2009

Cine Estágio: 30/03/2009
Filme: O amor é contagioso

O filme estadunidense "O amor é contagioso"(1998) dirigido por Tom Shadyac e baseado em livros de Patch Adams e Maureen Mylander é considerado como gênero comédia dramática e nos remete de imediato a uma reflexão a respeito de atitudes em relação ao outro, principalmente numa época em que se fala tanto em ajudar as pessoas que precisam.
A noção que possuímos a respeito do que seria algo "contagioso" como observamos no próprio título do filme, nos remete de imediato a doenças, a imagem de médicos, jalecos brancos, hospitais, remédios, internações e tudo que esteja diretamente relacionado a área de saúde, nos faz pensar também se é possível espalhar "vírus" do amor entre as pessoas, infectando-as de boas intenções e proporcionando, dessa forma, melhores ações por parte de todas elas.
O filme conta a história real de um homem chamado Hunter Adams que em 1969, quando contava com aproximadamente 40 anos de idade, encontra-se em estado de intensa depressão. Como podemos perceber no início do filme a degradação de Adams por sua inconstância e depressão faz com que retorne ao lar com idéias suicidas, mas ele resolveu fazer a viagem interior em busca de si mesmo. Ao internar-se num hospital psiquiátrico, desceu aos próprios infernos e dele saiu transformado.
Patch é um homem para o qual não existe limite, convenções sociais, restrições. Para ele, tudo é permitido, considerado rebelde tem dificuldade para se relacionar de maneira socialmente adequada. Por isso, não se conforma em atender clientes apenas no 3º ano do curso. Então, passa a freqüentar o hospital ligado à Faculdade no intuito de agradar, brincar e divertir os pacientes. É irreverente e contagia a todos os pacientes, seus familiares e enfermeiras, com sua alegria, criatividade e despreocupação.É um idealista e com rendimento acadêmico excelente tem por premissa que "o médico deve melhorar a qualidade de vida do paciente e não apenas adiar a morte”.
A obra cinematográfica destaca elementos importantes como o contato de Patch com Arthur Mendelson, um velho que chama de idiota todos que dizem ver apenas quatro dedos quando ele lhes mostra os quatro dedos, revela uma fala interessante quando Adams vai procurá-lo para saber qual a resposta certa: "Vê o que ninguém mais vê. Vê o que todos preferem não ver por medo, comodismo ou preguiça. Na verdade, está à caminho. Se só visse em mim um velho louco e amargo nunca teria vindo."
Outro fator importante é a passagem do filme quando Patch entra no mundo alucinatório de seu companheiro de quarto e consegue fazê-lo vencer padrões de conduta fóbica. Podemos fazer a ligação deste episódio com o tratamento realizado aos pacientes da Clínica psiquiátrica da novela “Caminho das Índias” o qual está realizando uma campanha social gerando discussões a respeito dos transtornos mentais onde as alterações de comportamento dos pacientes não são solucionados com base em medicamentos e sim adentrando no mundo daquele paciente com o objetivo de reverter o quadro em que se encontra.
Ao receber um comunicado que será expulso, Patch assume na audiência um comportamento irreverente, sarcástico e irônico ao defender o seu ponto de vista e termina em sua defesa dizendo: "Queria ser médico para ajudar o próximo. Por causa disso, perdi tudo. Mas também ganhei tudo. Compartilhei das vidas de pacientes e pessoal do hospital. Rimos e choramos juntos. Quero dedicar minha vida a isso. E hoje, seja qual for sua decisão, juro por Deus que vou chegar a ser o melhor médico de todo o mundo. Podem impedir que eu me forme. Podem me negar o título e a bata branca. Mas não podem dominar meu espírito nem evitar que eu aprenda. Não podem me impedir de estudar. Portanto, têm uma escolha. Podem me ter como um colega apaixonado ou como um intruso, mais ainda inquebrantável. Seja como for, ainda vou ser um espinho. Mas prometo, vou ser um espinho que não podem arrancar”.
Fazendo uma relação com nossa prática docente e relacionando a situação do ambiente hospitalar para os corredores escolares nos faz levantar questionamentos como: Quantas vezes a idéia de superioridade causa o afastamento de professores e alunos? Quantos casos detectados de alunos-problemas que muitas vezes acreditamos não ter mais solução poderiam ser solucionados se retirássemos essa atitude de prepotência em nossas aulas e no relacionamento com os estudantes? Será que nós, profissionais da educação, também não cometemos os mesmos pecados percebidos no filme “O amor é contagioso” entre os médicos?
Ainda com relação a nossa prática destacaremos pontos importantes como: o ver além das aparências, ver o que muitos não querem ver e para que possamos enxergar de maneira diferente muitas vezes precisamos nos colocar no lugar do outro; o tradicionalismo existente em muitas instituições despertando o medo do novo; importância dos saberes da experiência; necessidade de reflexão sobre nossa prática (ação-reflexão-ação); a importância da ludicidade ser bem fundamentada, o não fazer por fazer; a relação entre o instituto(a escola com suas normas e regras) e o instituinte( a chegada do novo, a dinâmica do currículo rígido), construção do nosso próprio currículo; assumir a postura de agentes transformadores, dentre outros.
Assim, o filme nos provoca e estimula no sentido de fazer com que nos mobilizemos a favor de uma atitude mais respeitosa em relação aos outros, mostrando também que precisamos do outro, que não podemos nos isolar e que devemos estender a mão na direção dos demais seres humanos pois também contamos com seu auxílio.

2 comentários:

  1. Mire, foi bastante interessante assistirmos este filme antes do inicio do estágio, pois confesso que fiz uma forte revisão dos meus conceitos, o amor deve ser contagioso em qualquer profisão; pricipalmente aquele amor do filme, de respeito e cumprimento de sua práxis.

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  2. Oi Jamire,
    Muito legal a síntese sobre o filme, e as considerações. Tente agora estabelecer uma relação entre o mesmo, e o perído de observação na Escola Professor Britto.

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